Sentia- me livre... louca alma liberta sensações, intensidade viagem ofegante trêmula, ferida sentia-me louca... livre humana, sensata desrazão, agonia sentia-me presa... solta caindo no vazio consciente, sofrida sentia-me solta... presa sem ter para onde ir sem ter como voltar...
Estou cuidando de mim revendo caminhos refazendo escolhas. Estou cuidando de mim acalmando a alma esquecendo amores. Estou cuidando de mim refazendo meu jardim inventando um mundo novo onde sobrem muitas flores muitos sonhos muitas cores.
Um dia eu digo bom dia no outro eu esqueço de dar um dia eu digo a verdade no outro eu vou te enganar um dia eu lembro de tudo no outro não vou me lembrar um dia eu acordo tarde no outro eu vou madrugar um dia eu sei a saída no outro eu vou me perder um dia eu amo você no outro eu amo também.
Se me queres decifra-me tira-me os véus rompe o casulo onde vivo em solidão abra as portas da paixão liberta os mistérios sem perder o encanto com esse jeito manso que é só seu.
"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
[Clarice Lispector]
"Me encante nos mínimos detalhes... me encante com suas mãos, eu quero correr esse risco. Me encante com seus olhos...me olhe profundo, para que eu fique perdida sem saber o que falar..." (Pablo Neruda).
" Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações que a intensidade da consciência delas. Sofri sempre mais com a consciência de estar sofrendo que com o sofrimento de que tinha consciência."
De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem Nasço amanhã Ando onde há espaço: - Meu tempo é quando.
[Vinicius de Morais]
As Horas
Memória
Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Mas as coisas findas muito mais que lindas essas ficarão.
Gato que brincas na rua Como se fosse na cama Invejo a sorte que é tua Porque nem sorte se chama. Bom servo das leis fatais Que regem pedras e gentes Que tens instintos gerais E sentes só o que sentes. És feliz porque és assim Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim Conheço-me e não sou eu.
[Fernando Pessoa]
O Tempo
Lua Adversa
Tenhos fases como a Lua. Fases de andar escondida fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e que vêm no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a Lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia o outro desapareceu...